Bem, na outra análise o Mário visou os três actores, perfilando-os e descriminando as suas melhores obras. Eu, nesta minha análise irei apenas visar um actor. E esse actor será o que tenho como maior referência no Cinema e aquele que despertou o meu interesse pela 7ª arte.
Esse actor é Alfredo James "Al" Pacino.
Al Pacino é tido como o paradigma de actor. É uma espécie de ponto de comparação para com todos os outros. Numa discussão que visa esmiuçar a qualidade de um actor, ela eventualmente irá resvalar para se ela estará ou não ao nível do Al Pacino.
O Al Pacino foi o que menos Óscares venceu, apenas um. Contudo, conta com sete nomeações para o maior galardão desta arte.
Em 1973, o Al não conquistou o troféu para melhor actor secundário. O seu papel foi o de Michael Corleone, em The Godfather. Foi Joel Grey, pelo seu desempenho em Cabaret. Cabaret é um filme muito apreciado pela Academia, dado que venceu oito Óscares. Ainda assim, Marlon Brando venceu o prémio de melhor actor principal e o filme venceu o prémio de melhor filme. Era compreensível que Al Pacino também fizesse o gosto ao prémio, dado que é uma das obras que lhe são mais apreciadas.
Chegava outra nomeação, tão somente um ano volvido. Desta vez era nomeado para o prémio de melhor actor principal, pelo seu desempenho no filme Serpico. Voltou a não conquistar o Óscar, sendo que este foi para Jack Lemmon, pela sua interpretação em Save The Tiger. O filme Serpico não conquistara qualquer Óscar embora tenha sido nomeado para dois.
No ano seguinte Al Pacino figurava novamente a lista de nomeados para o prémio. Pela segunda vez nomeado para melhor actor principal. Desta vez, Michael Corleone era novamente a pele de Al Pacino no grande ecrã. Muitos têm este como o melhor filme da trilogia, muito pela qualidade que Al Pacino imprime no seu papel. Pelo fino recorte da sua personagem que ele tão bem desempenha.
Mais uma vez, Al Pacino não vence o Óscar. Foi atribuído o prémio para Art Carney, pelo seu papel em Harry and Tonto.
Quanto ao filme The Godfather II, o filme conquistou 6 Óscares, sendo que um deles foi o de melhor filme.
Pois bem, 1973, 74 e 75 sem conquistar qualquer Óscar é um feito enorme. Mas a Academia superou-se uma vez mais. Contudo, desta vez, não os culpabilizo. Em 1976, Al Pacino faz uma das suas melhores interpretações em Dog Day Afternoon. No mesmo ano, Jack Nicholson interpreta McMurphy em One Flew Over the Cuckoo's Nest. E neste ano, o Óscar de melhor actor principal é bem atribuído.
Em jeito de curiosidade, Dog Day Afternoon conquistou um Óscar, ainda assim.
Depois de quatro anos consecutivos sem conquistar qualquer Óscar, Al Pacino só regressa às nomeações quatro anos depois. Em 1980, pelo seu desempenho em ...And Justice for All. Filme nomeado para dois Óscares e que valeu a Pacino uma nomeação para melhor actor principal. E voltou a não ganhar a estatueta dourada. Desta vez, calhou a vez a Dustin Hoffman ganhar o mais ambicionado troféu que um actor pode desejar.
Para quem já viu uma mão cheia de filme de Pacino, sabe que com o decorrer do tempo o seu perfil foi mudando. Já não era aquele actor com um perfil introvertido e elegante. Foi ganhando chama e extravagância com o passar dos anos.
É na década de 90 que surge um Pacino, que a meu ver, foi brutal. Que imprimia uma intensidade nos seus papéis que é invejável. A postura, a projecção vocal, o olhar. Tudo muito cru.
Neste novo perfil, e volvidos onze anos, Al Pacino ganha uma outra nomeação para os Óscares. Desta vez, para papel de melhor actor secundário. Papel desempenhado em Dick Tracy, filme que conquistou três estatuetas.
Al Pacino voltara a perder a corrida, desta vez para Joe Pesci. Actor que tivera um desempenho de muita qualidade no filme Casino, de Scorcese.
Chegamos a 1993, é o último ano de Pacino no palco das nomeações. Recebeu duas nomeações. Uma para melhor actor principal e outra para melhor actor secundário.
Comecemos pelo prémio de menor relevo. Al fora nomeado para melhor actor secundário pelo seu papel em Glengarry Glen Ross. Um filme que reunia muitas e boas personalidades do grande ecrã. O filme não conquistara qualquer estatueta, ainda assim.
Para melhor actor principal, Al Pacino interpretou Lieutenant Colonel Frank Slade, em A Scent of a Woman. Al Pacino desempenha o papel de um cego que fica a cuidado de um estudante universitário e a trama adensa-se no decorrer da história.
Foi neste papel, após sete vezes ver a sua qualidade irreconhecida, que Al Pacino finalmente conquista o Óscar.
A sua qualidade fora finalmente reconhecida. Uma das carreiras mais invejáveis da história do Cinema que culmina numa estatueta solitária mas que ainda assim é a prova de que os melhores ganham um Óscar. Nem que seja apenas um.
Al Pacino teve uma década de 70 brutal. Esteve presente nas grandes decisões de forma sucessiva, é algo impressionante. Ele é a cara de Tony Montana em Scarface. Um dos filmes mais mediáticos da década de 80.
Na década de 90 ele é a cara de Vicent Hanna em Heat, ele é Carlito, em Carlito's Way, é Benjamin 'Lefty' Ruggiero em Donnie Brasco, John Milton em The Devil's Advocate. é Lowell Bergman em The Insider, Tony D'Amato em Any Given Sunday e Michael Corleone em The Godfather III. Filmes que lhe valeram a imortalidade, lhe valeram a cabeça cartaz da 7ª arte.
A sua entrada no século 21 foi muito fraca sem nenhum filme digno da sua qualidade. Sendo que apenas os únicos filmes de relevo foram Insomnia, realizado por Christopher Nolan e You Don't Know Jack, filme que apenas foi emitido no pequeno ecrã.
Concluindo, apesar dos méritos de De Niro e Jack Nicholson, o Al Pacino será sempre, para mim, o melhor dos três. Apesar de não se ter desmarcado dos papéis de Mafia e Policia, foi no habitat natural dele que se consagrou num dos melhores actores de sempre. E é curioso que o único Óscar que venceu, foi quando saiu desse mesmo habitat natural para interpretar um cego que buscava uma lufada de ar fresco sob forma a recuperar a sua vontade de permanecer nesta vida.
Al Pacino é sinónimo de Cinema. De 7ª arte.
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