terça-feira, 29 de julho de 2014

Delicatessen (1991)


- Comédia/Fantasia
- Jean-Pierre Jeunet e Marc Caro
- 99 minutos

ATENÇÃO: Esta review contém revelações sobre o tema/desenrolar do filme

Surreal, inventivo, original, satírico. Estes são alguns dos argumentos que servem para classificar Delicatessen, filme francês que uniu Marc Caro e Jean-Pierre Jeunet (realizador de Le fabuleux destin d'Amélie Poulain) e constituiu uma homenagem a Terry Gilliam.

O filme acontece num ambiente fantasioso e pós-apocalíptico em que a falta de comida é um dos grandes problemas e centra-se num prédio onde partimos à descoberta dos mais estranhos (e engraçados) acontecimentos, ao mesmo tempo que vamos conhecendo os vários inquilinos e as suas diferentes e bem definidas idiossincrasias. O humor negro e a sátira revelam-se em várias cenas. Assim, Delicatessen não nos deixa aborrecidos em cada um dos 99 minutos de duração.


Para além da originalidade e qualidade na construção do argumento, o filme possui uma boa qualidade ao nível de todas as interpretações, que, sem excepção, conseguem emprestar uma vincada presença às suas personagens. A realização é outros dos pontos fortes do filme, com um ambiente dark e estilizado, que alguns comparam ao de Terry Gilliam em Brazil. A banda sonora presenteia-nos com o habitual toque melódico francês mas também com a improvável reunião de camas, violoncelos e tricô na criação de um cómico momento musical.

Agraciado com 4 galardões nos César de 1992, Delicatessen é definitivamente um filme a não perder por parte de todos os que gostam de sátira e crítica mordaz.

Veja a hilariante cena musical:

Classificação: 8,5/10

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Gilda (1946)

Gilda
Drama, Film-Noir, Romance

A razão pela qual vi este filme foi porque nunca antes tinha visto um filme de Rita Hayworth e quando vi o  cartaz de Gilda decidi-me por este.

O título do filme é Gilda e só dá Gilda. Rita atinge o apogeu de sensualidade e sex-appeal neste filme. Não são precisas cenas de sexo explícito para deixar patente a química que há entre os dois protagonistas do filme. Rita Hayworth e Glenn Ford conseguem transparecer essa química com a intensidade que o filme requer.

O filme conta-nos a história da mulher de sonho de qualquer homem que não consegue reaver o homem que antes perdeu. O destino fez questão de os reunir, sendo que Johnny Farrell(Glenn Ford), o narrador da história, passava a trabalhar para o marido de Gilda. O dono de um casino na Argentina.

O desenrolar do filmes mostra a forma como os protagonistas se tentam perceber apesar da falta de afinidade entre ambos, mesmo havendo amor entre ambos.

É nesta relação amor/ódio que Gilda vai demonstrando a sua faceta mais sensual com o intuito de fazer com que Johnny cedesse às suas iniciativas. Contudo, Johnny deve lealdade ao marido de Gilda, pois este estendeu-lhe a mão oferecendo-lhe um bom cargo no seu casino. E isto é como um travão ao romance. Ou bem é leal ao seu amigo ou segue o seu coração e reconquista Gilda. E o filme pauta-se desta forma.

Não é um romance normal, é complexo, tem demasiadas teias e é isso que torna este filme tão bom de ver. Porque há uma constante evolução das personagens e podemos ver novas facetas das mesmas.

É neste filme que surge uma das cenas mais emblemáticas do Cinema. Rita Hayworth e o seu hair-toss. Uma cena muito reconhecida do filme The Shawshank Redemption, onde os prisioneiros deliravam quando Gilda surgia quando lhe perguntavam se estava decente enquanto o seu marido e Johnny entravam no quarto.

Neste filme surgem também duas cenas onde Gilda canta, uma em acústico e outra num estilo mais cabaret. Sendo que a musica Put the Blame on Mame se tornou icónica graças a Rita Hayworth e a forma como a cantou.


Em suma, Gilda é um filme que recomendo. Pela complexidade do romance das personagens principais, pelo desenvolvimento das personagens face à relação amor/ódio onde demonstram outras facetas, pelo ambiente de luxo que rodeia a acção, pela fotografia do filme. Por tudo isto e por muito mais. É um filme a ver.

Lilja 4-Ever (2002)


                                                                  Crime - Drama


  •  Realizador: Lukas Moodysson
  • Argumento: Lukas Moodysson
  • Duração: 109 Min
 
Este é um daqueles casos onde um filme não é apenas um meio de entretenimento. Mostra que o cinema deve igualmente servir para inquietar as almas e fazer, neste caso, reflectir sobre o pior do comportamento humano. Este filme tem também a missão de alertar para um problema real que ainda hoje afeta milhões de pessoas.

Após se ver abandonada por todos aqueles que a deviam proteger Lilya vê-se sozinha numa atmosfera negra e triste, onde o único raio de luz é aquele que chega através da esperança de uma vida melhor longe daquele ambiente.
É um filme pesado, emotivo e duro onde o espectador é forçado a sair da sua zona de conforto e a confrontar-se com a penosa realidade de Lilya, o seu dia-a-dia, o seu constante sonho de fugir daquela existência e o devastador destino que lhe espera. É impossível não se deixar afectar pela vida de Lilya.
                  



O acting está ao nível do filme, muito bem conseguido ainda para mais sabendo que se trata de actores bastante jovens e inexperientes que, no entanto, conseguem carregar nos ombros e passar uma enorme carga dramática e emotiva.
                  
A  realização e a banda sonora também se apresentam a um nível bastante elevado contribuindo de forma significativa para a qualidade do filme.

Em conclusão este filme não só merece ser visto como deve ser visto.  É facilmente um dos melhores filmes europeus que tive a oportunidade de ver.
Boa sessão.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Los lunes al sol (2002)


- Drama/Comédia
- Fernando León de Aranoa
- 113 minutos

ATENÇÃO: Esta review contém revelações sobre o tema/desenrolar do filme

Tendo a Galiza como pano de fundo, Los lunes al sol mostra-nos o dia-a-dia de um grupo de homens afectados pelo encerramento de um estaleiro naval e as diferentes formas de lidarem com essa situação.

O filme, com uma forte componente de representação social e económica, apega-nos pela forma empática e realista como conjuga momentos de confraternização e boa disposição com os dramas pessoais de cada um dos protagonistas. Fernando León de Aranoa, o realizador, consegue transmitir da melhor forma a angústia e o desespero que o desemprego provoca mas também como a união e camaradagem existentes podem ajudar a minimizar esses efeitos nefastos.



Ao longo dos bem rentabilizados 113 minutos de filme, temos a oportunidade de assistir a Javier Bardem com uma interpretação de forte presença num elenco que demonstra uma qualidade bastante razoável. A realização e banda sonora são outros dos aspectos onde o nível está acima da média, dando um importante contributo à atmosferda pretendida.

Los lunes al sol foi o grande destaque nos Prémios Goya de 2003 (com 5 prémios), tendo também sido o escolhido da Real Academia de Cine Español para representar o país no prémio de Melhor Filme Estrangeiro nos Oscares de 2003.

Classificação: 8/10

domingo, 20 de julho de 2014

Calvary (2014)

Calvary
Drama
Calvary é um bom filme. Primeiramente o que é mais cativante é o plot. O plot é o de que um padre, aquando das confissões, recebe o aviso que será morto no dia de domingo. Ele terá, então, que descobrir quem o quer matar.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

House of 1000 Corpses (2003) e The Devil's Rejects (2005)

House of 1000 Corpses (2003)
 The Devil's Rejects (2005)
Horror

Rob Zombie! Um génio, simplesmente. Estamos a falar de dois filmes de terror que obrigatoriamente marcam a década de 2000. E a ele se deve estes dois filmes.

Koto no ha no niwa/The Garden of Words (2013)



                                                     Animação - Drama - Romance


  • Realizador: Makoto Shinkai
  • Argumento: Makoto Shinkai
  • Duração: 46 min


Escolhi este filme por ser de animação, gênero que eu por norma pouco vejo.

Takao é um jovem estudante de 15 anos que tem o sonho de ser sapateiro. Nas manhãs de chuva ele decide faltar as aulas e ir desenhar sapatos para um jardim, e lá conhece uma misteriosa mulher, Yukino.

O filme retrata a relação de empatia que se vai estabelecendo entre os dois, o que não é difícil pois apesar da diferença de idades ambos tem mais em comum do que se pode imaginar.

Desta relação bela e inocente vai nascer uma bonita amizade que irá ajudar ambos a ultrapassar as suas barreiras pessoais e a atingir os seus objetivos.

A animação é simplesmente linda, principalmente nos planos do jardim. Só pela animação este filme já merece ser visto. Felizmente merece ser visto por vários outros motivos.
Um desses outros motivos é a banda sonora que está muito bem conseguida pois ajuda de forma muito aprazível e delicada na fluidez do filme.

Em suma fiquei agradavelmente satisfeito com o filme e recomendo a sua visualização.
Boa sessão.

sábado, 12 de julho de 2014

The Girl Next Door (2007)

The Girl Next Door
Crime, Drama, Horror

Vi o filme. É baseado em factos reais. Pesquisei sobre isso e é verdade. E é assustador.

E é por ser uma história verdadeira que esta análise será um pouco diferente. Tenham em conta que haverão spoilers a partir de agora mas quem em nada irão interferir com aquilo que o filme vos despertará quando o virem.

Al Pacino, Robert De Niro e Jack Nicholson


Bem, na outra análise o Mário visou os três actores, perfilando-os e descriminando as suas melhores obras. Eu, nesta minha análise irei apenas visar um actor. E esse actor será o que tenho como maior referência no Cinema e aquele que despertou o meu interesse pela 7ª arte.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

My Left Foot: The Story of Christy Brown (1989)



- Biografia/Drama
- Jim Sheridan
- 103 minutos

ATENÇÃO: Esta review contém revelações sobre o tema/desenrolar do filme

My Left Foot constitui a adaptação de um livro autobiográfico com o mesmo nome escrito em 1954 por Christy Brown, escritor e pintor irlandês que sofreu de paralisia cerebral e foi capaz de criar as suas obras apenas com a ajuda do seu pé esquerdo.

O filme, vencedor de 2 Óscares (melhor actor e melhor actriz secundária) e 2 prémios BAFTA (melhor actor e melhor actor secundário), apresenta-nos uma das melhores actuações individuais em filmes do género, protagonizado por Daniel Day-Lewis. Mais do que uma simples representação, Day-Lewis entra totalmente no universo do personagem, dando-lhe uma alma única. Em excelente nível mostram-se também Brenda Fricker, no papel de Mrs. Brown, e Hugh O'Connor, recriando o jovem Christy.



A história desenrola-se em duas vertentes: o presente e o passado de Christy, apresentando-nos um argumento sólido e capaz de nos mostrar, para além da dura realidade de Christy, a realidade da Irlanda dos anos 40/50 em que vive e sobrevive, juntamente com a sua família de 5 irmãos. A realização foca competentemente e sem grandes invenções os pormenores mais relevantes do filme. 

My Left Foot acaba por ser, em suma, um dos bons (e escassos) exemplos de filmes fora da esfera de Hollywood com baixo orçamento (600000 £, neste caso) que alcançam o sucesso na entrega das estatuetas douradas.

Veja uma das melhores cenas do filme:


Classificação: 8/10