segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Matrix - Perspetiva Filosófica

Matrix - Perspetiva Filosófica

Problemas filosóficos subjacentes ao filme: Que é o conhecimento? Qual o valor dos conhecimentos que possuímos?
Ontológicos: O que é a realidade? Será que confundimos aparência e realidade?
Antropológicos: Que é o ser humano? Será que nos conhecemos verdadeiramente? Será que vivemos adormecidos julgando estar acordados?
Axiológicos: Porque valores devemos orientar a nossa vida? O que é a liberdade? Serão os seres humanos livres?
Metafísicos: Qual o sentido da existência?


Sentido e utilidade da problemática do filme para a nossa vida:
  • A descoberta de si
  • A procura do sentido para a vida
  • A formação para a personalidade
  • A aprendizagem da arte de viver
  • O desenvolvimento do pensamento meditativo
As grandes questões do Matrix são as interrogações que iniciam a atitude filosófica: 
  • Quem sou eu?
  • De onde venho?
  • Para onde vou?

Quais os nomes das personagens e o seu significado?
Agentes de Matrix - Os três agentes anónimos(sem identidade, todos iguais apesar de se chamarem Brown e Jones; apenas um é referido como Smith, nome de milhões de pessoas, equivalente a Sr. Silva em português) simbolizam o poder e a autoridade da máquina escravizadora da humanidade, a que mantém a ilusão e quer impedir-nos de acordar.

Morfeus( o filósofo mestre)- Nome de um dos muitos filhos do deus do sono (Hypnos), segundo a mitologia grega. Significa «o que dá forma» pois está encarregado de tomar a forma de seres humanos para lhes aparecer durante o sonho. É o guardião do grupo a quem compete encontrar «o Tal»(the One, no filme), para que este se emancipe da ignorância através do conhecimento e continue a luta contra a ilusão.

Neo( o aprendiz de filósofo)- «O que nasce de novo». É uma personagem que renasce para o mundo real e progressivamente se auto-descobre como o «eleito», a quem está confiada uma missão.
Neo\Mister Anderson é técnico de informática no mundo normalizado(durante o dia), e é Neo no seu mundo privado(durante a noite); é um indivíduo que se apercebe de que algo estranho se passa no mundo e de que um dia a mensagem chegará. Quando recebe a tal mensagem tenta interpretá-la.
De notar que Neo se transforma em One( por uma troca de letras que nos dá o sentido da mudança na própria personagem: Neo > ONE. Diz-lhe Morfeus: «You are not Neo anymore, you are the ONE». Adoptou-se a tradução usada no filme «o Tal» ou «o Escolhido», embora se possa dizer que the One é aquele que, através de um processo de renascimento, se tornou uno e único, isto é, unificou a sua personalidade). (mostra o seu desejo de encontrar o sentido das coisas e da própria vida).

Cypher - É uma personagem estranha e complexa. Pode-se interpretar esta personagem a partir de dois pontos de vista:
1- a partir do nome: o nome indica aquele que tem acesso aos códigos (às cifras) e é, portanto, o codificador e o descodificador de mensagens. Tal como o deus da mitologia grega Hermes( de onde deriva a palavra hermenêutica, interpretação; era o deus Hermes que traduzia para os humanos as mensagens dos Deus do Olimpo) ou o deus Mercúrio da mitologia latina, tem a função de estabelecer um elo de comunicação entre dois mundos;
2- a partir do comportamento: o comportamento é à primeira vista, o de um traidor, mas tal, como a figura de Judas nos evangelhos cristãos, sem a sua traição nunca teria sido possível a prisão de Morfeus, a opção de Neo(entre a sua segurança e salvamento de Morfeus) a auto-descoberta do próprio Neo, a descoberta da força do amor (Trinity) e, finalmente, a derrota de Matrix e a concomitante vitória dos despertos (embora a luta ainda não tenha terminado).

Trinity - Personagem fundamental na auto-descoberta da nova identidade de Neo. Trindade que simboliza a união do masculino(1) e do feminino(2), numa nova unidade através do amor(3) O amor, tal como definiu Platão em Banquete, é o cimento do universo.
Oráculo- Personagem que, sabendo o futuro, apenas o revela sob a forma de enigmas, que o próprio decifrará no seu processo de auto-descoberta.


Podemos dizer que o grande tema do filme é uma interrogação sobre o que é a verdadeira realidade e sobre o modo como passamos pela nossa breve existência: consciente ou inconsciente?
O filme, apesar da sua linguagem contemporânea, retoma um dos temas mais antigos do mundo: os seres humanos vivem inconscientes, adormecidos e embalados na ilusão. Precisam de descobrir a sua verdadeira identidade e a sua verdadeira missão neste mundo. Para isso é necessário despertar, ouvir o apelo da sua personalidade mais profunda, do seu eu interior, e estar atento aos sinais que as forças da ilusão se esforçam por esconder.
A verdadeira vida vida de um ser humano não é a rotina do dia-a-dia. Isso é apenas um momento necessário ao seu desenvolvimento e à sua subsistência. O mais importante é descobrir quem verdadeiramente somos e o que viemos fazer a este plano de existência. É o despertar das consciências para a vida espiritual.

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