domingo, 12 de outubro de 2014

Ocho Apellidos Vascos (2014)

                                                                        Comédia
                                                                 


Realizador: Emilio Martínez Lázaro
Argumento: Borja Cobeaga e Diego San José
Duração: 98 Minutos


Bom filho à casa torna, não é verdade?
Desta vez trago-vos um filme espanhol que teve imenso sucesso nos nossos vizinhos. Escolhi este filme porque tive de fazer um trabalho sobre ele para a faculdade. De outro modo dúvido que o tivesse visto. Mas ainda bem que o vi porque, embora não seja um grande filme, passei um bom bocado a vê-lo.

Este filme conta-nos a história de dois jovens espanhóis, ela vasca e ele sevilhano. Amaia e Rafa conhecem-se num bar em Sevilla durante a festa da semana santa, festa tradicional de Sevilha. As coisas não podiam ter começado pior entre eles. Após umas piadas de mau gosto de Rafa sobre os vascos Amaia e Rafa têm uma grande discussão no meio do bar.
Apesar dessa discussão ambos passam a noite juntos e Rafa fica enamorado de Amaia e decide partir em direcção ao país vasco, ele que nunca tinha saído de Sevilha, para a reencontrar e devolver a bolsa que tinha deixado no bar, apesar dos amigos ficarem apreensivos com o impulso dele e alertando-o que ela pode pertencer à ETA hehe. O filme brinca imenso com os estereótipos que ambas as regiões têm da outra.


O argumento, no que toca ao plano amoroso, não é propriamente inovador. Desde o inicio do filme é facilmente perceptivel que estamos perante mais uma história de amor onde o casal terá de ultrapassar diversos contratempos para ficarem juntos. Do ponto de vista cómico o filme consegue arrancar diversos sorrisos, e ai sim penso que o filme foi bem sucedido.
As interpretações encontram-se a bom nível. A meu ver é um dos principais pontos positivos do filme.

Em suma fiquei agradavelmente surpreendido com este filme. Explora muito bem as diferenças culturais existentes em Espanha. Neste caso em particular entre Andaluzia e País Vasco. De um lado temos uma região calorosa, com constantes contactos fisicos e com grande atenção ao visual, e do outro lado temos um povo um pouco mais frio e mais irreverente na aparência. São apenas algumas das diferenças apontadas durante o filme. Diferenças essas sempre encaras num tom jocoso.

"Ocho Apellidos Vascos" teve um exito tremendo batendo todos os recordes. Tornou-se no filme mais visto de sempre em Espanha levando 6.5 milhões de pessoas as salas de cinema, arrecadando mais de 38 milhões de euros.
Se estiverem à procura de um filme para passarem um bom bocado e darem umas gargalhadas este filme desempenha bem a função.
Boa sessão.

sábado, 4 de outubro de 2014

Ta'm-e gīlās





Ta'm-e gīlās, Abbas Kiarostami (1997)

Mr Baadi viaja pelos campos procurando alguém que lhe faça um trabalho: enterrá-lo depois de se suicidar.



Este filme de Kiarostami (O Sabor da Cereja) conta-nos a história de Mr. Baadi, um homem nos seus 50s, que planeia suicidar-se e procura alguém que aceite enterrá-lo. A quem realizar essa tarefa, Baadi oferece uma enorme quantia em dinheiro, uma soma equivalente a vários meses de trabalho de um trabalhador comum no Irão.


Contudo, e apesar do avolumado valor da soma oferecida, Mr. Baadi tem alguma dificuldade em encontrar alguém disposto a enterrá-lo depois do suicídio. Trata-se de um tema tabu. No entanto, ao fim de algumas buscas, encontra a solução para os seus problemas: um homem idoso, que no passado também tentara suicidar-se, aceita a tarefa.


Este é um filme “simples”. Usando planos longos e momentos de silêncio, assim como a visualização recorrente da paisagem, o filme procura criar um ambiente de distanciamento entre a acção que decore no ecrã e o espectador. Frequentemente vemos um carro a andar em planos muito afastados onde apenas ouvimos o que é dito. Este dispositivo funciona através do contraste entre o afastamento da imagem e a proximidade do som dos diálogos.


Outra característica interessante é que raramente vemos Baadi em campo com a personagem com que está a dialogar, o que também ajuda a criar uma sensação de isolamento.


Por outro lado, o filme também parece ter um subtexto homossexual: outro tabu,
A cena de Baadi com o jovem soldado no carro leva-nos mesmo a questionar se a razão pelo qual ele se quer suicidar não é por não conseguir viver com a sua sexualidade.